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sexta-feira, 20 de maio de 2016

Segurar é segurança?




Ao ver esta notícia hoje, primeiramente fiquei chocado por ter de me lembrar que certas atitudes ainda acontecem em pleno século XXI: crianças amarradas a pedras. Depois um sentimento tentou me acalmar, quando soube que a razão de as crianças serem presas pelas próprias mães era a segurança. Dessa forma as mães indianas acreditavam proteger suas crianças dos perigos das ruas, sobretudo dos riscos de atropelamento. O tema da segurança me levou de volta a uma música antiga e bonita, cantada pelo Rick Astley: Hold me in your arms (https://www.youtube.com/watch?v=MTAUHmphIZM).

Por que me lembrei desta música (especialmente do título - que também é seu refrão)? Talvez porque numa visão romantizada, idealizada pelas relações de confiança e entrega, imaginei que o lugar mais seguro em que as crianças deveriam estar envolvidas e seguras seria entre os braços de suas mães, ou de quem quer que se disponha a cuidar delas, a lhes dar segurança. Mas, trabalhando tanto aquelas mães, como trabalhavam tanto seus respectivos maridos, como dariam melhor condição de segurança para seus filhos? Aquela era a melhor forma para elas, que não podiam pagar escolas, creches ou qualquer outra instituição.

Julgar culturas diferentes é um erro tão primário (etnocentrismo) e tão nocivo, que me policio para não mandar um "Que absurdo!". Julgar atitudes dos outros, centrado no próprio umbigo me parece erro igual. Entre perder as filhas atropeladas, raptadas ou de qualquer forma (porque perder um filho é experiência que nenhum bom pai ousa imaginar) e manter as filhas perto de si, aquelas mães optaram pela vida das crianças, por tê-las sob seu olhar. Talvez estejam ferindo os Direitos Humanos. Talvez estejam tolhendo o direito de ir e vir das crianças. Talvez, talvez, talvez. Quiçás, quiçás, quiçás - como diz o famoso refrão.

Saltei desse emaranhado de pensamentos confusos, conflitantes e angustiantes. Quando pousei meus pés na minha realidade, pus-me a pensar naquilo que ofereço às minhas filhas como segurança. Hoje, moças grandes, passam a maior parte do dia longe dos meus olhos. Nem sempre segurar implica segurança. Estão seguras?  Assim espero. A questão é que não dependem mais tanto de mim nem de uma pedra ou de uma armadilha emocional que as segure. Elas sabem que podem contar sempre com meus braços abertos para segurá-las, isto é, dar-lhes segurança. E é confortante pensar que, praticamente adultas, podem também me receber de braços abertos e me dar a segurança de que preciso. 


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