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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Sorriso asfixiado

Já escrevi aqui sobre a possibilidade de a gente ser suficientemente forte para sorrir a cada "não" que a vida oferecer. Àquela época eu havia me baseado numa música cantada por Bethânia: "A arte de sorrir a cada vez que o mundo diz "não". Eu não sei hoje, depois de anteontem, se amanhã eu teria forças para sorrir se estivesse passando pelo que passam os pais dos que morreram asfixiados em Santa Maria.

Talvez o sorriso volte a vir um dia para o coração daqueles pais. Sim, para o coração. Porque nem sempre o desenho de um sorriso no rosto implica a motivação de  um coração sorridente. Tenho a impressão de que a fumaça tóxica da tristeza no coração dos pais é, agora, maior do que a que invadiu os pulmões de seus filhos. Até para sorrir é preciso fôlego.

Para eles, soariam como piada de mau gosto os versos "Sorri quando a dor de torturar e a saudade atormentar os teus dias tristonhos, vazios. Sorri quando tudo terminar, quando nada mais restar do teu sonho encantador". Entretanto, eu espero mesmo que aqueles pais, hoje completamente impotentes de reverter a situação em que seus filhos se foram, tenham forças para voltar a sorrir.

Mais longe pra lembrar

"Somedays are meant to be remembered", cantava Gloria Estefan na abertura das Olimpíadas de Atlanta em 1996. Aquele dia da abertura dos Jogos ao som a voz dela entoando a música "Reach" foi digno de ocupar um espaço no rol de memórias que cultivamos.

Esse poderoso recurso cognitivo, a memória, pode ser alimentado com tudo: podemos abastecê-las com coisas ruins e com coisas boas. Os parentes das 235 vítimas que morreram carbonizadas no incêndio da boate em Santa Maria (RS) ontem têm muitos motivos para  ver naquele dia apenas o cinza e o negro que habitarão sua memória diuturnamente.

Ela também pode receber e guardar coisas positivas. Nascimentos, primeiras vezes, boas ações, sorrisos de satisfação, conquistas e coisas por conquistar. Hoje, por exemplo, iniciei efetivamente um processo de formação de professores. Também hoje minhas filhas foram muito bem avaliadas na prova da Cultura Inglesa e foram para o nível avançado.

Tanto eu posso e quero chegar mais longe em minhas conquistas no trabalho, quanto elas podem e querem chegar mais longe em seu domínio de linguagem estrangeira. Querer ir mais longe - em qualquer que seja a área - pode ser a motivação de todos, para que os dias estejam no escopo daqueles que merecem ser lembrados.




domingo, 27 de janeiro de 2013

Na mesma moeda

Pear Jam é uma banda que tenho aprendido a curtir, graças à influência das minhas filhas. CDs e DVDs são ouvidos em casa com alguma frequência. Nós três já até fizemos um "concertinho" aqui em casa: percussão, violão e contrabaixo. Naquela ocasião, tocamos a música Last Kiss, que narra a história de um rapaz que saiu com a namorada e, subitamente, ao ter de desviar de um carro parado na pista, chocou-se contra outro. Ao recobrar os sentidos, só teve tempo de ouvir sua namorada pedindo um abraço forte. Logo após abraçá-la e beijá-la, as dores provocadas pelo acidente superaram os restos de vida que habitavam o corpo dela. Daí o título da música e seu começo chocante: "Oh where, oh where, can my baby be? Lord took her away from me".

Pois é, essa vida nos ensina coisas que a gente demora a aprender. Talvez não seja mesmo para aprender; talvez seja apenas para viver. Ou morrer. Acabo de ler uma notícia que me deixou um tanto perplexo. Sei lá por quê. Em tese, nada tenho a ver com pessoa alguma que esteve na boate onde morreram cerca de 200 pessoas (até agora), após um incêndio que consumiu tudo que havia nela. Tudo. Inclusive as pessoas. Pouquíssimos sobraram.

O que é isso? Tem algo de misterioso, tem algo de inquietante, tem algo de natural, tem algo de sobrenatural, tem algo de irresponsabilidade, tem algo de destino. Será mesmo que o que tem de ser será? Não sei, não sei nem jamais saberei. Essas coisas são grandes demais para caber na minha capacidade de reflexão. Como é que um momento de alegria, de festa, de comemoração se transforma tão rapidamente em uma tragédia. Como é que um espaço em que pulsa a vida, o falar alto, o cantar, o dançar, o beber, o comer, o divertir-se, de repente se torna em um antro onde pulsa a morte, o grito desesperado e rapidamente silenciado, a estagnação do movimento.

Sei não, sei não - cantava Vinícius - a vida tem sempre razão. Mas essa lição é difícil de aprender, difícil de entender que, uma vez jogada pra cima dando voltas sobre si mesma, uma moeda pode cair do lado da cara ou da coroa. Ambos compõem faces da mesma realidade. Lamento muito a morte daquelas duas centenas de pessoas, e mais ainda a dor dos seus amigos e parentes. Muitos não puderam dar nem receber o Last Kiss.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Cuidados e freadas

"Como é que eu não pensei nisso antes?" é um dos muitos refrões de Itamar Assunção que, na simplicidade de suas palavras, sempre nos levou a aprofundadas reflexões. Às vezes a gente é surpreendido por uns pensamentos que parecem frear qualquer coisa que estejamos fazendo . Nesta semana, em que se iniciaram e se encerraram de férias, isso aconteceu comigo de novo.

Minhas filhas e eu chegamos de Natal por volta das 23h da quarta-feira. Às 7h da quinta, eu já estava na escola para uma sequência de palestras e reuniões normais a todo início de ano escolar. Como eu sabia que as meninas acordariam tarde, deixei preparada a mesa do café e pensei comigo em voltar para casa às 12h30 para fazer nosso almoço. Puxa... finalmente, depois de 8 dias, voltaríamos a almoçar em casa.

Muito curiosamente, enquanto estava na escola, por alguma razão, entre uma reunião e outra, a lembrança de muito do que fizemos em Natal me batia como ondas na memória: as praias, a areia, o sol, os passeios, as muitas criancinhas com quem nós 3 brincamos. Em meio às lembranças, associei a imagem dessas criancinhas ao tempo em que minhas filhas poderiam assim ser chamadas. Lembro que para andarem comigo de mãos dadas, tinham de erguer bastante os bracinhos. Sempre curti muito cuidar delas.

As saudades delas me encheram a alma e os olhos de alegria, orgulho e satisfação por existir neste mundo com elas. Enquanto me preparava para voltar pra casa, fui solicitado para duas reuniões que me tomaram mais uma hora. Já fiquei preocupado com o almoço das meninas. Terminei a última reunião e voei pra casa. Fui recebido por elas, sorridentes, me apontando a cozinha. Para minha surpresa, tinham feito o almoço pra nós. (...), (...), (...)!. Elas sempre foram muito cuidadosas para comigo. Mas essa demonstração específica de cuidado me extasiou e produziu mais um daqueles pensamentos que freiam a gente.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

De rachaduras e escombros


“Até a própria natureza está pedindo pra você ficar”, cantava Beth Carvalho com seu vozeirão nos anos 80. Com certeza, uma música super agradável de ouvir, cantar e dançar. Em período de férias como este, em feriados prolongados ou mesmo em finais de semana, não é incomum ouvirmos que o último dia é sempre melhor, justamente no momento em que estamos indo embora. Às vezes não se fala especificamente do dia; fala-se da noite, fala-se, enfim, dos momentos finais em que já está havendo um momento de “despedida” do lugar.

Não sei se há dados, ainda que empíricos, sobre isso. Mas tenho para mim que isso se assemelha um pouco às relações humanas também. Um casal, por exemplo, quando rompe uma relação sem que um dos dois esperasse: aquele que viu a relação romper, sem querer que isso acontecesse, procura fazer coisas que pudessem de algum modo salvar a relação (da qual, talvez, até ali, não tenha sido cuidada por ele como deveria). Assim com "o último dia de praia", ele procura brilhar mais, ser mais agradável. Mas já é tarde.

Do mesmo modo, um profissional que se sabe às vésperas de uma demissão, procura “mostrar serviço” ao chefe para tentar manter seu emprego. Um aluno que finalmente toma consciência de que será reprovado tenta dar sinais de mudança aos professores no final do ano.  Um jogador titular que vê seu reserva se aquecendo para entrar em seu lugar corre mais do que fez no jogo todo para tentar assegurar sua presença ali. É diferente tentar consertar uma rachadura na parede e consertar os escombros de uma casa.

Mas o dia... será que quando se abriu maravilhosamente ensolarado, ele fazia questão da nossa presença e não acreditava que romperíamos nossa estada em certos lugares? Ou será que ele está dizendo pra gente ficar um pouco mais e manter nossa relação com ele naquela praia, naquele sítio, a seu jeito? Ou será que está dizendo que ele pode estar ensolarado para quando quisermos voltar? Parece difícil entender isso com a clareza da Beth Carvalho.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Vê?


“De perto, ninguém é normal” é um verso de Caetano Veloso, que mandei estampar em uma camiseta que gosto de usar. Estampado em letras pequeninas, para ser lido, o verso deve ser contemplado sob uma lupa. E é bem este o desenho da estampa: uma lupa sobre o verso “De perto, ninguém é normal”.

Outro dia, quero escrever sobre o ser normal. Mas isso seria bem normal para este texto. Então quero escrever sobre o “De perto”. Ainda em férias (que começaram há 4 dias e têm 3 dias para acabar), fiz com minhas filhas ontem um passeio para a praia de Pirangi. Quente, límpida e tranquila como a de anteontem, esta pôde ser contemplada com mais vagar, pois fizemos um passeio de barco que nos levou bem para dentro e para o fundo dela.

A certa altura do passeio, o barco é parado em um lugar com várias barreiras de corais. Tantas, tantas, que há um longo espaço em que podemos caminhar sobre elas. Mas a ideia não era caminhar, e sim flutuar usando snorckel. Aí, sim: o que era bonito ficou lindo demais. Tanto o que se via em profundidade, quanto o que se via ali tão perto dos olhos. Infinitas formas de vida que só são vistas se olhadas bem de perto. E, normalmente, sempre estão ali.

Acordei lembrando-me dos corais, das esponjas, dos peixes, da incrível vegetação marinha e daquela água, que já era maravilhosa quando vista por cima e de longe. Por dentro e de perto, ela saiu do grau da normalidade e ficou encantadora. Nem precisou de canto de sereia para me extasiar. E a gente? Se nos veem de perto, o que têm para ver do que sempre está em nós?

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O sertão e o mar

"O sertão vai virar mar. Dá no coração o medo de que algum dia o mar também vire sertão". São versos cantados por Sá e Guarabyra, em intertextualidade com as profecias de Antônio Conselheiro. Esses dias de férias têm sido um conjunto enorme de benefícios que todo meu corpo tem aproveitado. Tenho dormido mais e, por isso mesmo, ficado mais disposto para aproveitar mais cada minuto aqui onde estou.

Naturalmente o fato de estar na companhia de minhas filhas o dia todo é a melhor coisa que pode acontecer a um pai que venera a presença delas, seu olhar, seu sorriso, suas piadas, seus comentários. É bom fazermos coisas juntos, desde acordá-las para o café da manhã - passando pelas praias, piscinas, restaurantes, parques e tanto mais, até voltarmos a dormir. É bom vivenciar este mar de sensações.

Ontem à noite, depois de nadarmos em águas verdes, límpidas e quentes ao longo de todo o dia, mostrei a elas algo que eu há tempos eu não parava para ver. Apontei para cima e lhes mostrei a ausência quase absoluta de nuvens - o que nos fazia contemplar um sem-número de estrelas de tamanho e brilho variados.  Era um prazer olhar e comentar, porque havia muitas delas por todos os lados. Num simples movimento de cabeça, nossa vista podia contemplar o mar e as estrelas. Ouvíamos o mar, víamos as estrelas.

Foi um momento de pouca duração, mas de intenso significado para mim. Fiquei pensando, por alguns segundos e sem me preocupar com a explicação cientificamente correta, que aquelas estrelas sempre estiveram ali, mas que por força de tantas coisas que estavam entre mim e elas, eu não pude notar sua presença, seu brilho, sua forma, o quão distantes ou próximas estão... Deve ser assim no dia a dia também: tantas coisas se colocam entre as pessoas, que elas são impedidas de ver as qualidades umas das outras, impedidas, muitas vezes, de ver umas às outras. Parecem estar no sertão, mas "o sertão vai virar mar"

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Novidades e confirmações

Ainda estamos na casa das 5h da manhã. Ao abrir a porta que dá para a varanda do quarto do hotel onde estamos hospedados, sou presenteado com a visão de um gramado, ao qual se seguem umas piscinas e, logo após, a imensidão do mar com seus matizes de cor verde nuns lugares, verde escuro noutros - e em ambos um reflexo forte de um sol que a todos cobre e aquece.
 
Aquece muito, por sinal. Aqui me disseram que ontem tinha sido um dia de pouco calor... afinal, fez apenas 30 graus. Era meio da tarde quando chegamos a Natal ontem. Sem horário de verão, aqui estamos uma hora para trás mesmo, justamente porque o dia escurece muito rápido, logo depois das 5 da tarde. Em compensação, como disse acima, logo depois das 5 da manhã...
 
Antes das 5 da tarde de ontem já estávamos descalços, com o pé na areia e o corpo na água. Água quente, transparente e ondeada, que aproveitamos até o sol começar a se despedir. Não tivemos dúvida: andamos uns poucos metros, tomamos uma ducha e caímos na piscina, cujo bar oferece bebidas e sorvetes. O de cupuaçu, novidade para mim, é dos melhores. Novidades de um lado, confirmações de outro.
 
Entre um mergulho e um sorvete, um pouco daquela paisagem de que falei no post anterior começou a ficar mais límpida. Por alguma razão, minha filha se aproximou de uma menininha de seus iniciais 4 anos, que se encantou também com minha outra filha e comigo. Brincamos com ela por quase uma hora: põe boné, tira boné, pega boia, afunda, aparece, pula, mergulha... até cansar. Ao voltarmos para o hotel, vi reforçado (e espero confirmar) o plano que tenho para minha vida daqui a 10 anos.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Viajar pra fora e pra dentro

"Comer, rezar e amar", filme estrelado pela belíssima Julia Roberts, tem base no livro de mesmo nome, escrito por Elizabeth Gilbert, que vendeu mais de 4 milhões de cópias. Conta a história de uma mulher que, após recente divórcio, decide sair da zona de conforto de sua vida bem sucedida e fazer uma viagem para extrapolar seu conhecimento do mundo... e de si mesma. Daí - o que justifica o título - ela descobre a fantástica culinária da Itália, o poder das orações na Índia e um amor arrebatador em Bali.

Daqui a algumas horas também estarei saindo para uma viagem. Bem menos ambiciosa, é verdade. Vou com minhas filhas conhecer Natal nesses poucos dias de férias que terei no ano - bem poucos mesmo (trabalhei até hoje e retornarei à ativa no dia 23). Serão, sem dúvida, dias de intensa alegria, primeiro porque estarei o dia inteiro de cada dia na companhia das minhas meninas; depois porque estarei diante do mar na maior parte do tempo. E como canta Nando Reis: "Quando a gente está em frente ao mar, a gente se sente melhor".

Queremos conhecer o maior número possível de praias, mesmo que fiquemos pouco em algumas e um tanto em outras. Tomar muito sol, muito suco, muita brisa. Tomar aqueles maravilhosos cafés matinais que só perdem para os cafés coloniais do sul do Brasil. Vamos fazer passeios de buggy (com ou sem emoção, como eles pedem). Passeios de escuna, flutuações e mergulhos em alto mar.

Naturalmente, entre uma brisa e outra, vou olhar para dentro de mim, para as paisagens que guardam ainda poeira, fungo ou teias, e tentar arrumar um jeito de deixá-las melhor para que eu as contemple com mais clareza, para que elas deixem passar melhor a brisa do dia e da noite, para que deixem que seja melhor vislumbrada a luz do sol, assim como a da lua e das estrelas, para que, enfim, colaborem com a apreciação da culinária, a paz das orações e o milagre do amor.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Super.ação

Tive a felicíssima oportunidade de assistir novamente hoje ao magnífico filme "O discurso do rei". Eu sei: o filme é de 2010 e, para essa geração atual, qualquer música ou filme que tenha mais de dois anos já é algo antigo. Minhas filhas, volta e meia, me alertam para isso. Premiado com o Oscar de melhor filme, melhor ator e melhor diretor, trata-se de um filme que tem seu merecido reconhecimento.


Com fotografia impressionante e música excepcional, o enredo aborda a enorme dificuldade enfrentada pelo Rei George VI. Ao assumir o posto de rei em razão da renúncia de seu irmão, ele teve de lidar urgentemente com um problema de fala, enfrentado desde os 4 anos: a gagueira. Um de seus maiores dilemas era justamente falar por seu povo. E, convenhamos, falar por um povo inteiro, quando se é gago...

Todo mundo sabe o tamanho de seu próprio problema. Para quem está de fora, o problema do outro é sempre uma bobagem, uma coisa da cabeça dele, uma implicância, coisa sem valor, que se pode resolver facilmente. Entretanto, cada um de nós sabe o quanto os sapatos apertam. E os pés apertados, vale dizer, são os de quem põe os sapatos. A dimensão do problema, real ou não, só sabe quem o tem.

Vale ver no filme a clareza no reconhecimento da necessidade de cura. Importa destacar a determinação de resolver, minimizar ou contornar o problema. É importantíssimo verificar a disposição de superar a barreira até então intransponível. E é espetacular ver nisso um movimento voluntário daquele que porta o incômodo. É motivador vislumbrar nisso uma ação. Aliás, uma "super.ação".


domingo, 13 de janeiro de 2013

Vergonha e esperança

"Assim caminha a humanidade" é um filme clássico. Um desses filmes atemporais em sua temática, como as peças de Shakespeare (Hamlet, por exemplo) ou os romances de Machado (Quincas Borba, por exemplo). O filme, que conta com um elenco para o qual qualquer adjetivo é insuficiente (Elizabeth Taylor, James Dean, Rock Hudson e Mercedes McCambridge) retrata um enredo em que avanços de ordem tecnológica e financeira não representam necessariamente avanços no âmbito pessoal, das relações pequenas, de foro íntimo. Para mim, sem dúvida alguma, as mais importantes.

Faço referência ao filme porque pelo noticiário tomei conhecimento hoje de alguns fatos. Uns me envergonham como ser humano; outros me dão esperança de que vale a pena continuar caminhando como parte desta humanidade. Parece ser assim todo dia: a gente tem de escolher o tempo todo para onde vai direcionar o olhar, os pensamentos e os sentimentos. Quero olhar para o que me dá esperança.

Outro acontecimento lamentável, deplorável, vergonhoso, vexatório na terra de Ghandi. Outra moça em um ônibus teve seu destino (literal e metaforicamente) alterado. O motorista não permitiu que ela descesse e a levou para um lugar onde outros 6 homens esperavam. Esses seres humanos passaram a noite toda se revezando no estupro à moça. (Meu Deus do céu! Por que certas coisas acontecem?)

Por falar em Deus, uma notícia ótima me colocou em estado de graça. Universidades hebraicas desenvolveram e já estão aplicando programas em que jovens palestinos e israelenses são levados a estudar juntos e, por decorrência, aprender juntos as matérias, aprender a vida, a convivência pacífica. Além de frequentarem a mesma escola, eles se visitam mutuamente e criam condições para que a gente tenha esperança de ver a humanidade caminhando para um lugar que possa nos dar orgulho.

Parceria

Sempre gostei de ouvir Maria Bethânia cantar "Quero ver feliz quem andar comigo". Acho o verso tão bem escrito e de uma solicitude tão grande, que inspira grande parte do meu modo de ser e de agir em relação àqueles que me dão prazer de sua companhia nesse cotidiano que quase nos engole em meio a tanta impessoalidade.

Todos os estímulos que recebemos nos lembram umas coisas e nos motivam a outras. É assim quando podemos desfrutar de um perfume que nos invade a memória de bons acontecimentos; é assim quando alguém nos toca a gaveta das lembranças. Não poderia ser diferente quando palavras ditas ou cantadas trazem à luz reminiscências e nos impulsionam a decisões.

Como esta semana foi toda de decisões muito importantes, tanto do ponto de vista profissional, como do acadêmico e pessoal, vou fechá-la com mais uma decisão - apesar de já ser algo que eu fazia há tempos, mas que agora passa a estar registrado: neste ano vou estabelecer parcerias. Quero participar da vida de quem queira participar da minha, isto é, quero estabelecer parcerias. "Daqui deste momento, quando eu olhar pro lado, eu quero estar cercado de quem me interessa" - Lenine.

Um a parceria é exatamente a união de pessoas que tomam parte na consecução de um projeto, seja ele uma empresa, uma associação, uma ação - qualquer que seja ela, como a que se volta para o estabelecimento da felicidade. Seja o que for, uma parceria é um sinal de cumplicidade em que há partes envolvidas. No meu caso, vou estar mais do que atento para as relações que eu estabelecer, pois "quero ver feliz quem andar comigo. Vem".

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Relações refeitas

"Eu sei que agora eu vou é cuidar mais de mim", canta a rainha do nosso rock nacional, Rita Lee, na música Saúde. Como ela, eu também "me cansei de lero-lero... quero mais saúde. Me cansei de escutar opiniões de como ter um mundo melhor".

Desde junho de 2012, quando fui acometido por uma sacroileíte brava que me impedia de ficar em qualquer posição, não entro numa academia. Fui parar em clínicas e hospitais, fiz exames e tratamentos, tomei remédios e cuidados para amenizar o problema, já que, por ser um tipo de reumatismo, se tata de uma doença autoimune: assim como vem, ela vai. Até lembra aquela versão do Chico Buarque: "Ele assim como veio, partiu não se sabe pra onde...". Hoje me sinto bem melhor, a ponto de fugir do lero-lero, sair do sério e fazer as águas rolarem - como canta a própria Rita.

O fato é que, como esta semana está sendo pródiga em novidades, no comecinho dela eu rompi relações com refrigerantes e frituras. Quis radicalizar e cortar mais um montão de coisa (boa), como pão, doce, cerveja e quetais. Mas, como bom bom mineiro, vou seguir o conselho do Martinho da Vila: "É devagar, é devagar, é devagar, é devagar devagarinho". Mas não foi só isso, não.

Também no início da semana, reatei minhas relações com a academia. Que beleza: todo dia, uma sessão de alongamento (no início e no final), uma sessão de corrida na esteira e, por fim, uma sessão de musculação. É isto: "quero mais saúde". Cuidando mais bem de mim e da minha saúde, estou certo de que estarei contribuindo para "ter um mundo melhor" e "talvez ainda faça um monte de gente feliz".


quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Relações cortadas

"Esquece o nosso amor, vê se esquece. Porque tudo no mundo acontece. E acontece que já não sei mais amar. (...) Se eu ainda pudesse fingir que te amo, ah se eu pudesse. Mas não posso, não devo fazê-lo. Isso não acontece". Sábias palavras cantadas por Cartola, por Paulinho da Viola e por outros que souberam pôr no canto o arrefecimento da relação, seu reconhecimento e  coragem de dizê-lo.

Depois de muito refletir e de já perceber a minha intenção de romper um relacionamento de longa data, tomei a decisão. Não posso nunca deixar de reconhecer o bem que essa relação me fez. Quanta energia me deu, o quanto me fez crescer, o tanto que me acrescentou, o quanto me mudou por dentro e por fora, o tanto que me fez ser mais visto, uma pessoa de peso. E foi uma coisa local; nada global.

Romper muitas vezes é necessário para que a gente consiga seguir a vida de maneira mais salutar, mais de bem com a gente mesmo. Por mais que a outra parte não entenda, por mais que reclame, por mais que jogue na nossa cara os muitos benefícios que nos deu, por mais que tente nos provar que todo mundo gosta dela... por mais que, por menos que, por tanto que... esta outra parte não entenderá nossas razões.

Por tudo isso, eu decidi romper minha relação não só com uma, mas com duas partes: refrigerantes e frituras. E, olha, se pensar muito, o pão também entra nessa conta. Não vai ser um rompeeeeer assim romper. Vou continuar respeitando, vou ver muitas vezes, uma vez ou outra não vou recusar o contato, mas, de agora em diante, só o estritamente essencial. "Se eu ainda pudesse fingir que amo... mas não posso, não devo fazê-lo. Nossas relações estão cortadas. Daqui pra frente, vida nova.

O que pode dar certo

Nelson Mota, além de lançar artistas interessantes - como Marisa Monte - é escritor, é crítico e ainda compõe música. Uma de suas composições, em parceria com Lulu Santos, é Tudo Azul, que tem um verso muito forte, que diz: "somos só um coração sangrando pelo sonho de viver".

Ontem falei de planos, esses telescópios que nos fazem mirar a nossa própria vida bem longe do momento presente. Eles são um jeito de a gente, na medida do possível, orientar a própria vida no mar em que estamos inseridos, ora sob sol forte, ora sob tempestade, ora envolvidos por um nevoeiro - que é justamente quando devemos levar "o barco devagar" - para lembrar Paulinho da Viola.

Ao conduzir o barco da nossa vida, penso, é importante considerar que é com a nossa vida que estamos lidando. E que ela é uma só. E também que, em sua unicidade, ela só tem sentido na medida em que interage com outras vidas que nos cercam, ora trazendo tranquilidade, ora segurança, ora alegria, ora força... ora alguma confusão, ora tristeza, ora ira... Nem sempre estamos "sozinhos na multidão".

Mas, como cantam os Titãs na música Go Back: "Não tenho tempo a perder; só quero saber do que pode dar certo". Nesse sentido, vou conduzir meu barco para o que pode dar certo. Ora, para que eu saiba se algo deu ou não deu certo, preciso de um parâmetro anterior, isto é, um plano traçado, um projeto para que desse certo. Apesar de toda a fascinação da aventura da incerteza, planejar e executar têm sido uma aventura maior que me faz vibrar "pelo sonho de viver".

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O plano, a nuvem e o chão

Zeca Pagodinho é um artista bastante respeitado entre os músicos mais populares. Gosto de ouvi-lo e até me arrisco a cantar acompanhando um CD no carro, especialmente quando estou indo para ou voltando de um jogo de futebol. Um de seus versos mais conhecidos talvez seja "Deixa a vida me levar; vida leva eu". Muito particularmente, não fico à vontade com esse verso, porque prefiro acreditar que seja mais eficiente ter planos e segui-los. Sem muito estresse, mas com planos a seguir.

Paulinho da Viola também canta "não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar". Muitos outros cantam este modo laissez-faire de ser. Mas atendo-me apenas aos dois que citei, devo dizer que concordo, primeiro, com Paulinho quando ele fala do marinheiro que leva o barco devagar em dia de nevoeiro; depois com o Zeca quando ele afirma ser feliz e agradecer por tudo que Deus lhe deu.

É muito importante ter planos. Não para cumpri-los todos à risca, doentiamente, de modo egoísta. Mas para guiar o dia a dia, para saber quando de emoção/razão é preciso empenhar, quanto de energia ainda é preciso dispor, quanto de dinheiro é preciso investir; para saber se se está longe ou perto de conseguir realizar; para poder chegar ao final do ano (ou de qualquer período) e ter a alegria de ver os planos alcançados... ou a alegria de poder considerar o trajeto percorrido e replanejar a rota.

Replanejar é tão importante quanto planejar. Talvez aí resida a graça da nossa existência: a gente tentar dar um rumo para a nossa vida pessoal, interpessoal, acadêmica, profissional... e, às vezes, as bifurcações da estrada nos mostrarem outras possibilidades. Replanejar faz parte dos planos. Ter planos é ter "a cabeça nas nuvens e os pés no chão" - até porque planar é sinônimo de voar e, por sua vez, a palavra plano, etimologicamente, significa chão.


domingo, 6 de janeiro de 2013

Ver para ser

"Mais um ano se passou", cantava Cassiano em um de seus raros e absolutamente consistente sucesso que atravessa gerações justamente pela qualidade do que ele tem a dizer e a mostrar. Ele cantou e passou. Minha filha completa hoje 16 anos. Eu, aqui, pensando nela e em como é agraciada por Deus com saúde, alegria, beleza e inteligência, ponho-me a pensar no que vi, no que deixei de ver e no que ela verá.

Ela - e eu também - adora esportes; joga muito bem basquete; já a vi ser campeã muitas vezes em diversos torneios. Acompanhei a seleção brasileira de basquete e seus ídolos, desde Oscar, Mauri e Marcel; Paula, Hortênsia... Vi a seleção brasileira de vôlei ganhar tudo que disputou - desde o Bernard (jogador) até o Bernardinho (técnico). Assim como vi a seleção brasileira ser campeã do mundo no futebol, em 70 - com Tostão e Pelé; em 94 - com Bebeto e Romário; e em 2002 - com Rivaldo e Ronaldo. Grandes alegrias

Como eu, minha filha adora adora música. Com um gosto musical muito seleto e crítico, ouve muita gente boa: nacional ou não, de protesto ou não, instrumental ou não. Nesse quesito, impressionam-me muito seu fabuloso talento musical e o fato de ela adorar trilhas sonoras de filme. No âmbito da música, tive a felicidade de ver e ouvir, ainda vivos, diversos fenômenos, como Elvis, Lennon e Michael. Ou, entre os nacionais, Elis, Tom, Vinícius. Todos esses cantaram e passaram - como Cassiano, como o 15º ano.

Nós dois adoramos escrever. Desde sempre, os textos dela são muitíssimo bem escritos, bem falados e bem registrados (inclusive em desenhos, fotos, filmes). Sempre premiados. Tive a alegria de presentear meus olhos com gente de palavra fluente e refinada, como Guimarães, Graciliano e Drummond. Muito me alegra ter visto toda essa gente que passou pela minha vida e me fez ver coisas tão boas. Mas nada, nada me deixa mesmo mais realizado do que olhar minha filha feliz, completando mais um ano e com muita coisa para ver.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Im - previsível

É previsível supor que você conheça os versos "Todo dia ela faz tudo sempre igual, me sacode às 6h da manhã, me sorri um sorriso pontual e me beija com a boca de hortelã". Pois bem: vou supor que você conhece esses versos de Chico Buarque, na música Cotidiano.

Já ouvi de algumas pessoas que eu sou um sujeito previsível. E eu concordo com elas. De fato, tenho um certo relógio biológico que, independentemente de ser dia de semana, "me acorda às 6h da manhã". Eu cumprimento as pessoas de um modo muito igual. Eu trabalho nos mesmos lugares há mais de 10 anos. Uso roupas bastante semelhantes. Tenho um timbre de voz que varia pouco. Sou vítima da timidez em muitas situações semelhantes. Enfim, seria previsível que eu continuasse a descrever meu alto grau de previsibilidade.

Mas isso não me incomoda (muito), porque, afinal, as pessoas são como são. E até pelo fato de elas serem assim é que elas são reconhecidas como tais. É preciso um maiúsculo quê de previsibilidade para que as identidades sejam estabelecidas. E é curioso que, mesmo aquelas pessoas, que são altamente imprevisíveis, são completamente previsíveis em sua imprevisibilidade. É esperado que façam algo diferente.

O que me incomoda mesmo (muito) é as pessoas confundirem a previsibilidade com o bem que os gestos previsíveis suscitam. Não é ruim ser acordado com um sorriso pontual nem é ruim receber um beijo "com a boca de hortelã". Infelizmente essa simples confusão acumula, a cada gesto previsível, a sensação ruim do repetido. Quase sempre, chega-se a um ponto em que não dá mais para aceitar que "todo dia ela diz pra eu não me afastar". Dá-se o afastamento. E isso é previsível.

Não vão em vão

Na estrofe final da música Rita, Chico Buarque revela que, quando se foi, a Rita "levou os meus planos, meus pobres enganos, os meus 20 anos, o meu coração. E além de tudo, me deixou mudo o violão". Isso me faz pensar sobre as pessoas, experiências e coisas, em geral, que se vão. Que se vão da nossa vida.

"No vão das coisas" que compõem a nossa vida, não há nada em vão. Todas vão ajudar a construir o que somos. Quando se vão, elas devem simplesmente ir, independentemente de terem cumprido por completo o seu papel. O problema é que, como recém-nascidos, acreditamos que todas elas são parte inalienável de nós e, por isso, muito nos dói, aceitar a cisão, a ruptura. Parece termos um apego quase simbiótico com elas; tanto, que temos a impressão de algo de nós mesmos parece estar nos abandonando quando as perdemos.

De fato, como canta o Dinho, do Capital Inicial: "tudo que vai deixa o gosto, deixa as fotos... deixa a memória". Mas me parece ser preciso aprender a conviver com o vazio deixado pelo que se perdeu, afinal, logo será substituído ou ressignificado. Na mesma música citada acima, uma informação interessante: "eu fico à vontade com a sua ausência". É preciso saber perder: o vento que leva pode ser o mesmo que traz.

Um poeta e professor, amigo meu, tem um verso revelador, segundo o qual: "as coisas se acostumam com a nossa ausência". Esse é justamente o vice-versa, o reverso da moeda: a perda é parte da presença. De igual modo, se, por um lado, algumas pessoas, experiências e coisas se vão de nós, por outro lado muitas vezes nós nos vamos delas. Esse é o movimento que preciso aceitar. Não se trata de ser indiferente a ter ou a não ter; trata-se de ser grato por ter e ser capaz de conscientemente ressignificar o não ter.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O barco e os olhos

Com seu jeito sereno e sua afinadíssima voz macia, Paulinho da Viola diz verdades contundentes em suas músicas. Uma das de que mais gosto é: "Faça como o velho marinheiro, que, durante o nevoeiro, leva o barco devagar".

Pois é. Se eu tivesse ouvido com mais atenção esse conselho que eu tantas vezes cantei, provavelmente eu teria tomado outras decisões; bem possivelmente muitas coisas teriam tomado outro rumo na minha vida. Não que eu me arrependa amargamente dos caminhos que resolvi traçar para mim, porque gosto demais da minha vida como está, mas com certeza mudando as escolhas que fiz em momentos tensos, de turbulência... ou simplesmente se tivesse esperado passar com o barco, devagar, pelo nevoeiro, muita coisa seria diferente.

Às vezes, emoções e sensações boas demais funcionam como neblina que reduz a visibilidade. Outras vezes, mágoas, angústias, tristezas, dores pungentes sufocam tanto, que comprimem o nervo ótico, de modo a apertar a imagem que mandamos para o cérebro - o que nos leva a interpretar errado e, portanto, a decidir com maior chance de erro. Sentimentos como a raiva, ou como os ciúmes desajustados são tão rápidos e violentos, que podem ir adiante dos olhos e nos fazer agir sem ver (o que caracteriza aquela frase tão comum: 'nossa! quando vi, já tinha feito...').

Assim como o nevoeiro é algo natural em determinados horários e em certas condições climáticas, as emoções e os sentimentos mencionados há pouco também o são. Todos são névoas que devem servir de alerta para deixar os olhos mais abertos e o coração mais tranquilo para ter a paciência necessária e agir de modo a conduzir o barco para o destino desejado.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Onde estão os que amamos

"Onde está você agora, além de aqui dentro de mim?", canta Renato Russo na música Vento no Litoral, que  tem um conteúdo triste, como, aliás, quase todas as músicas dos últimos CDs desse compositor. Mas, aqui, hoje, eu quero explorar outro lado desse verso que se mostra como um prisma diante de nós.

Tive hoje a feliz oportunidade de estar o dia inteiro ao lado de pessoas por quem tenho um apreço infinito, pessoas para quem não meço esforços para demonstrar meu amor por elas. Conversamos, demos muita risada, comemos, bebemos, cantamos, desejamo-nos o bem e nos colocamos uns à disposição dos outros para efetivar aquilo que só as palavras não são capazes de fazer: ter um ano feliz.

Pude dizer isso às minhas filhas ontem, pouco antes da passagem de 2012 para 2013. Desejei que o ano delas fosse melhor do que o que findava. Disse mais: que elas contassem comigo para qualquer coisa de que precisassem para que o dia a dia delas seja mais significativo, mais feliz, mais completo. Não perdi a oportunidade para telefonar ao que considero meu melhor amigo e lhe dizer o mesmo. Enfim, disse às pessoas considero tanto, tanto, que não sei a extensão do bem que desejo a elas nem do bem que me fazem.

Há pouco me surpreendi com uma pergunta, que ainda vou demorar responder. Mesmo na ausência física dessas pessoas, não me sinto longe delas. Tenho a impressão de que estão comigo sempre, seja na lembrança de uma história, na consideração de um conselho, na imitação de um gesto, em um presente trocado, no aproveitamento de uma palavra de incentivo... em tantas coisas, que me fazem pensar a respeito de onde é que elas realmente estão. Neste momento, elas estão onde estão, cada uma em seu lugar. Mas certamente, carrego um pouco delas comigo a cada momento, pois o que sou passa necessariamente pela contribuição de todas elas.